Jornalismos

A propósito da inqualificável "notícia" do jornal "a bola" do passado domingo, onde se faz (muito) mau humor negro com a doença de uma criança, veio-me à ideia algo que andei a remoer durante a época.

E foi algo que sempre me pareceu estranho, contranatura até. Refiro-me à extraordinária capacidade que esse jornal foi tendo, ao longo da época, em obter e divulgar informações sobre actualidades do Porto, antes de qualquer outro. Até mesmo antes de "O Jogo", jornal sempre mais simpático com as nossas cores (apesar de este ano em muitas alturas também ter deixado a desejar....)

Foram diversos os episódios em que o jornal de tendência vermelha se antecipou aos outros: caso do Jorge Costa e da sua saída, titularidade do Hélton, problemas com o Postiga, com o Diego, etc.

E, confesso, ao longo da época isto sempre me foi parecendo um augúrio de desgraça. Pois se um jornal que é claramente conotado com outro clube, e mais do que isso fortemente anti-Porto ( e não, o facto do MST lá escrever semanalmente interessantes apontamentos não muda o que penso), conseguia obter essas informações, isso para mim era sinónimo de desvario e descontrolo da SAD, ou de quem manda no departamento de futebol. Porque também não tenho dúvidas, uma das razões que ajudaram aos nossos sucessos em anos anteriores, foi essa extraordinária capacidade de blindar o balneário de dentro para fora e impedir que transpirasse algo que não interessava saber.

Estas constantes fugas de informação preocuparam-me e até me deixavam triste, a pensar que as coisas de facto já não eram as mesmas e que, assim, teríamos dificuldades em ser campeões.

Felizmente conseguimos superar tudo isso e conquistámos algo que julgo inédito esta semana: duas 1as páginas de "a bola", uma aquando da conquista do campeonato e outra pelos cânticos dos jogadores ( que desaprovo veementemente, como disse aqui). Só é pena que a memória seja curta e haja de forma tão descarada e desavergonhada mais uma demonstração clara do que é ter dois pesos e duas medidas....

Ainda em relação ao triste caso do rapaz doente pergunto:

não há uma comissão de ética jornalística que se ocupe do caso?

O sr. director desse jornal, sempre tão preocupado com a imagem do futebol português, e sempre tão pronto a dar um cházinho a quem não partilha da sua cor clubística, não tem nada a dizer?

É por estas e por outras que às vezes (embora com enorme dor) até acho bem determinados blackouts.