Único

Lá tenho que voltar a abordar o homem: Co Adriaanse.

Fiquei absolutamente boquiaberto ao ler as notícias de hoje que dão conta da intervenção do nosso treinador no IIº Congresso Internacional de Futebol, organizado pelo ISMAI.

Impressionou-me a forma aberta, clara e concisa como o homem foi capaz de expor a sua visão do que deve ser o futebol, da forma como o Porto joga e como devem actuar os jogadores em campo, de acordo com as suas posições.

Admito que nunca me lembro de ter visto semelhante coisa. Um treinador a bradar aos céus, para quem quiser ouvir, que a maneira de lhe colocar mais dificuldades é pôr o adversário a jogar em 4-4-2.

Só posso entender esta atitude como uma clara afirmação de confiança no seu trabalho e na sua personalidade. Como que dizendo aos adversários: "Usem a informação que vos dei. Usem-na que mesmo assim vou ganhar-vos."

Evidentemente que isto vai totalmente contra a habitual forma de ser portuguesa, em que tudo tem que ser feito em surdina, às escondidas, para o vizinho não ver. Dou por mim a pensar se o homem concorda com os treinos à porta fechada e com os blackouts.

Por tudo isto acredito que o holandês já conquistou o direito a um lugar na história do futebol português, tanto por boas como por más razões.

Por mim, e como já referi antes, aguardo a próxima época com ansiedade, para o ver mais adaptado à realidade do campeonato e da sociedade portuguesa, e também já mais escudado por título(s).

Aguardo também pelo cumprimento da promessa de futebol espectacular, de que vi lampejos no início desta época